Quererte como te quiero!
Por tu amor me duele el aire,
El corazón
Y el sombrero.
Federico García Lorca
O Diego é
um safado de 19 anos com pinta de Ricky Martin e ar bandido de Diego Luna em Solo quiero caminar que há cinco ou seis anos me fez
sonhar ser traficante de droga e de amor – e desejar morrer, matar e matar-me,
sem concerto, em pose romântica de século XXI, e amar daquela maneira, sem
jeito, a Victoria Abril.
No fundo,
escrever poesia é ser o Gabriel do filme.
Não
cresci (resumo).
Este
Diego chileno tem, no entanto, uns lábios grossos e eternamente juvenis, como
um colega meu do Secundário, por quem me apaixonei católica e platonicamente (como sempre, nota de rodapé, flashback), lábios que apetece
beijar em dias de céu limpo ou em noites de solidão que -
essas sim - me matam sem piedade.
Uns lábios
que devem saber a café, a cappuccino, ou a tinta de um soneto de
Quevedo.
O Lorca
ficaria maluco, certamente. ¡Ay qué trabajo me cuesta/Quererte
como te quiero! (citação).
Apesar do
encanto, este Diego Luna, às duas
por três, acha-me um gringo rico e penso que o cabrãozinho
me quer sacar dinheiro. Os nossos encontros são
inquéritos policiais e, por fim, dois beijos na cara, roubados às duas da manhã, na
cara. Já lhe disse o meu nome completo, já lhe disse que sou um escritor de
viagens que ando pelo mundo cheio de jornais, blocos de notas e esferográficas
(que tragédia!), e falei-lhe do bairro onde moro em Santiago, por trás do
estádio do Colo Colo.
Ele não
me telefona. Acho que não lhe dei o número.
Explico:
estou fodido se continuo com a ficção do Diego.
Portanto, isto é uma curta – e acaba aqui.
Portanto, isto é uma curta – e acaba aqui.