sábado, 21 de setembro de 2013

Pequeno elogio dos homens dos jornais do mundo


Em Temuco, há um senhor, que já visitou Lisboa (segundo o que apanhei do seu 'chileno' velho e modista), que circula pelos cafés com um molho de jornais e revistas debaixo do braço. 
Os clientes, falando sobre a vida passada ou futura, ou falando sozinhos pensando na morte do amor da bezerra, têm toda a liberdade para pegar, folhear, ver, virar, revirar, e escolher tudo (que gula!), pouco ou nada (que pobreza!).
Já estás a ver o meu encanto, amigo, não?
Uma cidade onde há cafés, livrarias orgulhosas do seu caos e bons jornais - e leitores e homens dos jornais - numa língua que entendo (se a amar, mesmo sem entendê-la, melhor ainda), ou, mais dia, menos dia, entenderei (ou amarei, sem entendê-la), é uma cidade onde certamente não morro e onde certamente não me mato (nem tédio e amor me matam, que Deus os tenha!).
O senhor dos jornais de Temuco, ainda por cima, senta-se e faz-me um pouco de companhia - pois as crónicas, os poetas que escrevem, o humor, e o expresso arrefecendo não me bastam para sofrer a alegria da vida.
E prometeu-me trazer os últimos suplementos literários do 'El Mercurio'! - este velhinho de papel fez agora, no dia 12 de setembro, 127 anos, digo mal, 186!, ora, nasceu em 1827.
E, afinal, bem vistas as coisas, o mundo não é perigoso cá - entre nós.
A ver se nos encontramos outra vez - entre chávenas.


Imagem encontrada aqui.

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